-
Arquitetos: Gabinete de Arquitectura, Sergio Fanego
- Área: 375 m²
- Ano: 2003
-
Fotografias:Federico Cairoli
Descrição enviada pela equipe de projeto. Tanto o projeto, quanto a construção de uma casa própria apresenta-se sempre como um desafio muito pessoal, cujo objetivo hedonista quase obriga que a peça arquitetônica constitua um mostruário do pensamento ou amostra do conhecimento do arquiteto. A grande amizade, a partir dos anos de formação, com Solano Benitez, Alberto Marinoni e os arquitetos do Gabinete de Arquitectura, marcaram minha produção de tal forma que considero este projeto uma oportunidade de conceber uma experiência vital, compartilhando ideias, experimentando um cenário de reciprocidade ao qual estamos acostumados. Toda esta situação foi reforçada por meu pai, Guillermo, quem facilitou a construção das ideias, fornecendo sua experiência no ramo construtivo e sua abertura à vanguarda (especialmente por sua estreita relação com Pindu em outras épocas), que faz dele um vínculo esclarecedor entre pensamento e produção. Já citados os protagonistas, a explicação da casa pode ser contada através do relato de como ela se situa e se constrói. Cito estes dois últimos aspectos, já que o trabalho sempre teve algo relacional e sensível.
As condicionantes: um terreno estreito e comprido (10,80 x 37,30), um vizinho invisto, um edifício com altura de 12 pavimentos com vistas ao pátio; este, segundo as regras municipais, não poderia localizar-se neste bairro de características meramente residenciais (até 3 pavimentos). Primeiro movimento: disponho bloco social e de serviço à empena cega do edifício e o cercamento da parte posterior do terreno. Segundo movimento: avanço com um bloco de dormitórios gerando um pátio intermediário que tem a medida exata para que não exista invasão visual, mas elevando-se para gerar a sombra e o vazio, espaço que foi por gerações explorado e procurado na região por questões climáticas.
Implantados os dois blocos, o de dormitórios fica suspenso por duas vigas verendel das quais emergem vigas transversais que suportam as lajes por tensores, sa vigas verendel apoiam-se nos limites através de suportes e rótulas. A esta lógica estrutural agrega-se o uso do tijolo comum que torna-se o material principal, quase obsessivamente, de toda a obra. O tijolo dimensiona todo o espaço: a estrutura, a escada, os painéis móveis das aberturas, o piso, a cobertura. A colaboração do engenheiro nesta etapa foi decisiva, já que prestou especial atenção aos requisitos estéticos. Os ajustes da estrutura potencializaram as capacidades expressivas dos materiais.
Premissas: continuidade e flexibilidade especial, leitura da totalidade, luminosidade e ventilação, mudanças de escala. Tudo enriquecido por detalhes empíricos ensaiados durante o processo construtivo. A relação entre os blocos é materializada através de um terceiro espaço, cujas dimensões não o limitam ao mero percurso, mas que o tornam em progressão assumida do espaço contínuo.